quinta-feira, 3 de maio de 2012

MEUS ABISMOS

Meus abismos são tão meus que me causam tremores, calafrios e muitas dores. Queria que fossem de outros, mas são meus, eu os calo, esquecendo que existem. Fuga primária e sem eficácia, a memória ainda não partiu, ela está aqui e me lembra deles vez por outra, as vezes quando isso acontece crio uma coragem e mergulho em mim mesma. Quase sempre me surpreendo negativamente quando submergo no meu submundo, pois vejo lá guardado e escondido muito do que eu não gostaria que fosse meu, mas é...
Ai que dor sinto quando vejo que não gosto do que sou...
O mais difícil é me perdoar pelo pouco que sou. Talvez buscando o que eu possa vir a ser, talvez e só talvez eu perdoe a minha mediocridade.

São Paulo, 27 de abril de 2012.

QUANDO SE ESCREVE

A necessidade de escrever vem para mim de um momento fugaz em que o que vem da alma se transforma em um pensamento e teima fortemente em não se desfazer no ar, precisa ser grafado e de alguma forma eternizado. Vai aí um tanto grande de soberba, pois quem disse que o eu penso mereça ser eternizado? 
Mas há em mim sentimentos que ai ou eu quem teima em não revelar, nem a mim mesma, por serem tão fortes, podem criar vida própria, então, devem ser soterrados e afundados em mim.

São Paulo, março de 2012.

O VAZIO

Minha cidade anda cheia de meninos e meninas nos faróis. Eles fazem pequenas acrobacias a troco de algum dinheiro, são tantos que as vezes quase não os vemos, ficam invisíveis ao nosso olhar, esta é uma horrível verdade.
Mas hoje um menino me chamou a atenção pelo seu olhar. Era noite já, e ele estava ali, sabe-se lá há quantas horas, girando malabares (porque sua vida é inerte, não gira para canto algum), para conseguir moedas sem valor, mas o quue mais impressionava era o seu olhar. Um olhar cheio, repleto, transbordando de nada, totalmente vazio, um olhar que nenhuma criança deveria ter e ele tinha, refletindo só desalento, desesperança, sem horizonte, sem presente e sem futuro.

São Paulo, 21 de março de 2012.

OS CUPINS

OS CUPINS

Moro atualmente em uma casa muito antiga, não digo velha, mas antiga mesmo. Adoro o que é antigo, sinto no passado um porto seguro, uma saudade do que nunca vi, por isso mesmo, um porto seguro, um mundo ideário onde a realidade só toca no limite do que eu lhe permiti. O passado é o que não vivi, é um mundo que eu criei só para mim, por isso mesmo, pleno.
Portanto, gosto muito da minha casa antiga, com porão (onde se guardam sonhos que a gente visita de vez em quando, alguns pesadelos estão lá também), chão de assoalho de madeira que range quando se pisa, as vezes range até demais, paredes altas e muitas escadas. Mas ao lado deste nostálgico romantismo há também um teto de estuque que é o motivo da minha eterna preocupação, não pelo estuque em si, mas pelos seres que mansamente vão destruindo as madeiras que sustentam o teto: os cupins! São tão pequenos, mas fazem um estrago tão grande. Se não se tomar cuidado o estuque pode cair e até matar quem estiver em baixo. Morro de medo de cupins!
Percebi com o tempo que temos cupins que nos habitam e que trabalham silenciosamente. são sentimentos que destroem outros sentimentos e fazem isso sem que percebamos, eles vão roendo e roendo por dentro, mas não tocam na aparência externa, o que vai disfarçando sua ação, até que um dia aquela casquinha tão frágil rui e ai vemos que dentro dela já não há mais nada, só um vazio e que trouxe consigo uma queda de outros sentimentos que sem apoio são destruídos também.
Os cupins são assim, terríveis. Morro de medo deles.

São Paulo, 11 de março de 2012.

segunda-feira, 5 de março de 2012

AS MORTES

Aprendi desde muito pequena, com meu avô e minha mãe, que há pessoas que morrem fisicamente, mas continuam tão vivas em nós que conversamos com elas durante o resto das nossas vidas, mas há outras que continuam respirando, andando, falando, mas estão mortas em nós. Aprendi assim, mas agora apreendo esta idéia e posso sentir o que eles queriam dizer. Este ensinamento sempre me atormentou e passei por toda a vida alicercando as bases deste entendimento. Hoje, posso dizer que existem, para mim, dois tipos desta morte.
Em uma delas a pessoa vai morrendo aos pouquinhos, a gente vai se despedindo, andando em caminhos diferentes, a pessoa vai tendo atitudes que nos decepcionam tanto que vamos esquecendo que ela existe, até que ela realmente não exista mais, ela morre.
Mas há outra possibilidade, e esta sim, muito mais dolorosa, a pessoa se mata na gente, ela se suicida dentro de nós, é diferente do primeiro caso, porque nesse, a gente insiste para que ela continue viva, tenta-se de todas formas fazer com ela fique viva em nós, mas a pessoa vai lhe magoando tanto e tanto, que sentimos que aquela pessoa que tanto amávamos não existe mais, ela já se foi, se matou, e só deixou um vazio, uma saudade daquilo tudo que já se viveu com ela e que não pode mais retornar.

sexta-feira, 2 de março de 2012

AUSÊNCIA

Tenho observado que ando meio ausente de mim, daí meus escritos estarem hibernando. Preciso vencer esta ausência, me encontrar novamente e voltar a escrever. Isto aqui já é um começo.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DICAS PARA CONVIVER COM MACACOS


Se em algum momento de sua vida você tiver que conviver com macacos, o primeiro passo é manter a calma. Lembre-se que embora a ciência tenha mantido estudos acerca de seu comportamento, as pesquisas ainda não são conclusivas. O que se sabe é que possuem algum nível de inteligência, podem associar algumas imagens a sons e objetos, reconhecem pessoas, tentam entabular uma conversação precária, mas não conseguem fazer muito mais que isso porque, certamente são animais irracionais, então não espere muito deles.
Normalmente têm muita necessidade de chamar a atenção dos outros, para isso fazem macaquices, se não quiser que eles continuem com os atos, ignore, sem platéia eles tendem a parar.
Sozinhos e sem nenhum objeto como pedaços de pau, por exemplo, costumam não oferecer riscos a ninguém. Mas, as vezes, andam em duplas, nesse caso podem passar a ter atitudes de provocação, como sempre o melhor é ignorar.
Perigo mesmo representam quando estão em bando, ai a situação pode ficar tensa, eles podem atacar, agredir, machucar e ferir os outros com gravidade. Evite sempre este encontro, se você cair numa cilada como esta procure se afastar imediatamente porque como eu já disse eles não raciocinam, mas podem ter muita força e causar muitos danos.